domingo, 7 de setembro de 2014

Mas escândalo de corrupção no Brasil, só que desta vez atinge em cheio os políticos do Rio Grande do Norte, na pessoa do candidato do acordão Henrique Eduardo Alves. Como o povo vai reagir?, pois tenho dito que quem compra apoio políticos nos municípios devia saber a origem desses recursos, pois dinheiro não é um coisa que se plante, com certeza ele sai da corrupção.

Denúncias de ex-diretor atingem — e apavoram — pelo menos quatro candidatos a governador 

Depoimento de Paulo Roberto Costa afeta candidaturas no Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Alagoas e Maranhão

Marcela Mattos, de Brasília
Henrique Alves em discurso no plenário da Câmara na eleição para presidente da Casa
Henrique Alves, um dos citados pelo ex-diretor da Petrobas, concorre ao governo do Rio Grande do Norte (Laycer Tomaz/Agência Câmara/VEJA)
Antes de aceitar o acordo de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa antecipou o efeito devastador de suas denúncias: "Se eu falar, não vai ter eleição". Temendo sair como o único prejudicado após as revelações de propina e corrupção dentro da estatal, o executivo decidiu relatar à Polícia Federal como e com quem agiu – e, conforme VEJA revelou na edição desta semana, trouxe uma lista de três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais que embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal. As denúncias atingem, direta ou indiretamente, ao menos quatro candidaturas a governos estaduais. No Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Alagoas e Maranhão a corrida eleitoral deve ganhar novos contornos após ter nomes de candidatos ou herdeiros políticos citados por Costa.
O ex-diretor de Abastecimento agia em parceira com o doleiro Alberto Yousseff, considerado pivô do megaesquema de lavagem de dinheiro. Os dois comandaram a ação, descoberta na operação Lava Jato da Polícia Federal, com movimentação superior a 10 bilhões de reais, em que foram desviadas verbas da estatal para o bolso de políticos e partidos. O caso veio à tona em março deste ano e, com detalhes ainda mais contundentes revelados a um mês das eleições, deve incendiar ainda mais a campanha eleitoral. 
Um dos envolvidos é o mais antigo deputado da Câmara dos Deputados e atual presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Para a sua primeira disputa ao governo potiguar, ele montou uma ampla base de apoio e conseguiu assumir a liderança nas pesquisas: tem, atualmente, 40% de intenções de voto, de acordo com o Ibope. O candidato se apressa para evitar que as denúncias respinguem sobre seu projeto eleitoral. “Nunca pedi nem recebi quaisquer recursos do Paulo Roberto Costa. As insinuações publicadas, de forma genérica e sem apresentar evidências sobre o meu nome, não podem ser tomadas como denúncia formal nem fundamentada”, disse, em nota, neste sábado. Alves afirmou ainda que não há provas contra ele e apontou para uma possível manipulação do episódio na campanha eleitoral.
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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também compõe a extensa lista de nomes relatados pelo ex-diretor da Petrobras. Ele ainda está na metade do mandato e não é candidato no pleito deste ano — mas tem como projeto pessoal a eleição de seu herdeiro, o deputado Renan Filho, para o governo de Alagoas. Com o nome de um dos principais caciques alagoanos, Renanzinho, como é conhecido, lidera as pesquisas eleitorais e, se nada mudar, pode ser eleito logo em primeiro turno. Em meio às novas denúncias que envolvem o pai, ele tenta se desvincular do caso de corrupção. “Eu sou parlamentar e não posso falar sobre outros parlamentares. Eu não fui citado. Mudaria algo se eu tivesse sido. O candidato sou eu”, disse ao site de VEJA, fugindo de responder outras perguntas.  
Outro herdeiro político que pode sofrer consequências pelo envolvimento do pai é o senador Lobão Filho (PMDB-MA), candidato ao governo do Maranhão. O ministro de Minas e Energia Edison Lobão agora será investigado pela PF com a delação de Costa, assim como a ex-governadora Roseana Sarney, também lembrada em depoimento. Os dois são os principais fiadores da campanha do senador peemedebista, o que dá ainda maior força à oposição em um Estado devastado após décadas da gestão Sarney. “Chega. Basta. Hora de tirar o Maranhão das páginas policiais. Essa gente enrolada com a Polícia Federal não pode continuar no governo”, disse, pelo Twitter, o candidato do PCdoB Flavio Dino. “Basta de escândalos com doleiros, lagostas e propinas”, continuou, evidenciando que o caso será incorporado à sua artilharia contra Lobão Filho.
No Rio de Janeiro, o candidato Luiz Fernando Pezão (PMDB) tem pela frente mais uma herança negativa de seu antecessor. O governo de Sérgio Cabral foi encerrado com altíssima taxa de rejeição e, agora envolvido nas denúncias da Petrobras, deve dar ainda mais margem para os adversários tentarem desqualificar a gestão peemedebista. “O que foi revelado ainda é muito pouco perto do que o Cabral vai ter de explicar nos próximos dias. Não há novidade de ele estar envolvido em casos de corrupção”, disse ao site de VEJA o também candidato Anthony Garotinho (PR), um dos mais duros oposicionistas a Cabral e Pezão. Na tentativa de abafar o caso, Pezão pediu calma para que as denúncias sejam apuradas e afirmou que “nunca viu Cabral pedindo um cargo em ministério”.