terça-feira, 14 de agosto de 2012

Veja o que se passa na cabeça de um sequestrador e como se arma um sequestro...

MAIOR SEQUESTRO DO RN » Como foi arquitetado o sequestro de Popó Porcino

Por Paulo Nascimento, especial para o Diário de Natal

A denúncia encaminhada à Justiça pelo Ministério Público do RN sobre o sequestro do jovem Popó Porcino apresenta, com base nas investigações conduzidas pela Divisão Especializada em Investigações e Combate ao Crime Organizado (Deicor), detalhes de como teria se formado a quadrilha que sequestrou Popó Porcino no dia 17 de junho. Os denunciados se conheceram em um condomínio localizado no bairro de Capim Macio, Zona Sul de Natal. Paulo Victor Monteiro, Bruna Landim, Orlandina Carneiro, José Evangelista, Leonora Gomes e Luiz Eduardo Filho moravam no local, que era administrado por "Berg" Guimarães e, a partir dali, formaram uma quadrilha para praticar sequestros.

O próximo passo foi escolher a vítima. Francisco Genério, conhecido como "Cabeça" e morto em confronto com os policiais durante o estouro do cativeiro, e Paulo Victor receberam informações da família Porcino de um homem identificado apenas como Cristiano. A partir disso a dupla passou a contratar os outros denunciados, preparar os locais de cativeiro em Parnamirim e Pitangui, comprar armas, chips e aparelhos de celular.

O sequestro foi executado por Paulo Victor, Anderson de Sousa e Francisco Genério, que passaram cerca de oito horas observando Popó competir no Parque de Vaquejadas Lourival Pereira, em Ceará-Mirim. Armados com uma pistola calibre 9mm, outra pistola calibre .40 e uma submetralhadora 9 mm, levaram o jovem e o tratador de cavalos Sandrielio Constantino Veríssimo da Silva, que estava com Popó no momento mas foi liberado cerca de uma hora depois do início do sequestro.

Logo após a libertação do tratador de cavalos, o trio de sequestradores retirou de Popó Porcino sua corrente, o relógio e o celular. Em seguida, levaram o sequestrado para o cativeiro em Parnamirim, onde Porcino ficou por pouco mais de 30 dias, acorrentado a uma janela e com os olhos vendados por um óculos de natação com uma fita preta. Enquanto isso, Francisco "Cabeça" Genério mantinha os contatos com o pai de Popó, Porcino Fernandes da Costa Júnior. O primeiro pedido da quadrilha foi de R$ 10 milhões. Para comprovar que o jovem estava vivo, Cabeça fez com que Popó gravasse mensagens dizendo que estava bem e pedindo o pagamento do resgate.

Durante os contatos telefônicos, a quadrilha mandava um de seus membros para um Estado vizinho, como a Paraíba, onde era comprado um chip. O sistema era simples: do chip com prefixo de fora do RN ligava-se para Porcino Júnior e de outro telefone para Francisco Genério, colocando um "grudado" no outro. Em uma destas ligações, Popó foi levado até as proximidades do posto da Polícia Rodoviária Federal, em São José de Mipibu, para falar com o pai e provar que estava vivo. A medida que a negociação evoluía, o preço do resgate foi caindo. Cerca de três horas antes do resgate no dia 24 de julho, Genério e Paulo Victor ligaram para Porcino Júnior pedindo R$ 470 mil, para serem pagos naquele dia.

Ainda segundo a denúncia e como foi mostrado na edição de sábado do Diário de Natal, Orlandina Carneiro e Paulo Victor Monteiro são parceiros antigos no crime e foi ela quem bancou financeiramente o sequestro de Porcino Segundo. Nos 37 dias de sequestro, a quadrilha ainda teria contado com o apoio do casal José Orlando Evangelista da Silva e Leonora Gomes de Sena, que emprestaram dois veículos para os deslocamentos de cativeiro e da própria quadrilha. Leonoroa ainda teria ido até Ponta Porã, na divisa do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, para comprar um bloqueador de sinal de celular, dois rádio-comunicadores e dois chips de celular para serem utilizados durante o sequestro. O bloqueador acabou apreendido pela Polícia Federal ainda no Mato Grosso do Sul.
 
 

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