Rio -  Dois anos após a tragédia que matou mais de 900 pessoas na Região Serrana, nenhuma moradia foi entregue pelos governos federal e estadual às famílias desabrigadas pelas enchentes.

Terrenos chegaram a ser desapropriados em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, municípios mais atingidos, mas até hoje as vítimas aguardam pela entrega das novas casas. Sem ter onde morar, muitos moradores acabam retornando para suas antigas casas ou se recusam a abandonar o local.

Em Nova Friburgo, cerca de 200 famílias, segundo a Defesa Civil, voltaram para áreas de altíssimo risco. Só em Petrópolis, cinco mil pessoas estão em terrenos sujeitos a desmoramentos.

Resgates nesta terça no Quitandinha. Siafem revela que o estado gastou R$ 2 milhões dos R$ 113 milhões disponíveis no programa de áreas de risco | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Resgates nesta terça no Quitandinha. Siafem revela que o estado gastou R$ 2 milhões dos R$ 113 milhões disponíveis no programa de áreas de risco | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Em Nova Friburgo, estão em construção 2.100 unidades. Em Petrópolis, serão 368 moradias. De acordo com a Secretaria Estadual de Obras as primeiras unidades habitacionais devem ser finalmente entregues no mês que vem em Nova Friburgo.

Nos outros sete municípios atingidos pelas chuvas — Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, Sumidouro, Areal, São José do Vale do Rio Preto e Carmo —, as construções ainda não saíram do papel.

Os projetos estão em fase de aprovação junto à Caixa Econômica Federal. A Secretaria Estadual de Obras alega que faltam terrenos planos disponíveis para construção dos imóveis na Região Serrana, que é cercada por morros.

Segundo a Secretaria de Obras, já foram investidos na Região Serrana mais de R$ 2,2 bilhões, sendo R$ 1,6 bilhão de recursos federais e R$ 600 milhões de recursos estaduais, em ações emergenciais para reconstrução das cidades, instalação de sirenes, hospitais de campanha, pagamento de aluguel social e dragagem de rios.

Dados do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), revelaram no entanto que o estado gastou apenas R$ 2 milhões dos R$ 113 milhões disponíveis no programa Reassentamento de Moradores de Áreas de Risco.

Sem provas da perda do imóvel

A entrega das casas prometidas pelo Governo do Estado só deve atender metade das famílias que recebem o Aluguel Social. Atualmente, o estado paga mensalmente cerca de 8.300 benefícios nos sete municípios mais castigados: Areal, Bom Jardim, Nova Friburgo, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Teresópolis.

Desde janeiro de 2011, já foram gastos cerca de R$ 82 milhões com o pagamento do Aluguel Social, que varia de R$ 400 a R$ 500. Centenas de moradores aguardam para ter direito ao benefício, já que não conseguiram reunir documentos para provar que perderam suas casas.

População precisa de doações

A Cruz Vermelha está recebendo doações de água mineral, alimentos não perecíveis, material de higiene pessoal para atender as vítimas das chuvas em Petrópolis e Duque de Caxias.

Material pode ser entregue também no posto do Sine, na Rua General Ozório 12, Centro de Petrópolis, ou na Polícia Civil, na Rua Rio Branco, s/nº, Retiro.