Na CPI, governador de Goiás nega relação com Cachoeira
Marconi Perillo diz que não pode se responsabilizar por citações de seu nome feitas por terceiros de 'forma irresponsável'
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"Nunca mantive nenhuma relação de proximidade com o senhor Carlos Cachoeira", afirmou o tucano. "Trinta mil horas de gravações, três anos de gravações e não há nenhuma ligação do senhor Carlos Cachoeira para o meu telefone, ou para o meu gabinete", disse.
Perillo afirmou que a única ligação que fez a Cachoeira foi para lhe dar parabéns pelo seu aniversário. "Eu não estava telefonando ali para um contraventor. Estava ligando para um empresário que trabalhava na área de medicamentos", afirmou, acrescentando que Cachoeira possuía livre trânsito na elite política de Goiás.
Quanto às centenas de vezes que seu nome é citado nas gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal através da Operação Monte Carlo, Perillo afirmou que não pode se responsabilizar por citações de terceiros. "Wladimir Garcez disse que usou meu nome para mostrar prestígio junto aos seus empregadores (...). Eu não posso me responsabilizar por conversas irresponsáveis", disse Marconi Perillo em referência ao ex-vereador e ex-assessor de Carlos Cachoeira, Wladimir Garcez, que prestou depoimento na CPI.
Casa de Perillo: Empresário que pagou R$ 1,4 mi por imóvel não tinha bens em 2008
Perillo enfrenta a suspeita de ter negociado a venda de uma casa num condomínio de luxo em Goiânia com Cachoeira por intermédio de Garcez. O governador sempre negou envolvimento de Cachoeira no negócio, que foi fechado por R$ 1,4 milhão. Cachoeira foi preso neste imóvel em fevereiro acusado de comandar um esquema de jogos ilegais.
Várias versões sobre a venda do imóvel foram apresentadas à CPI. A situação do governador de Goiás se complicou ainda mais na semana passada, com o depoimento do empresário Walter Santiago, dono de uma faculdade em Goiânia, que deu uma versão sobre a negociação da casa que contradisse a do tucano. Santiago se disse o comprador da casa.
De acordo com ele, o valor da transação do imóvel, situado em um condomínio de luxo em Goiânia, foi pago em pacotes de dinheiro a Lúcio Fiúza, assessor de Perillo, e a Wladimir Garcez, então lobista da construtora Delta. O tucano, contudo, disse que recebeu três cheques pela venda da casa, sendo dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil. Os cheques eram nominais de Leonardo de Almeida Ramos, sobrinho de Cachoeira.
O ex-vereador Garcez também afirmou que comprou o imóvel com três cheques. Segundo sua versão, ele teria adquirido a casa de Perillo para tentar lucrar em uma futura revenda. Garcez disse que, ao saber que Marconi gostaria de vender a casa, quis comprá-la, mas não possuía recursos.
Ele afirmou que pediu ao ex-diretor da Delta Claudio Abreu e à Cachoeira o dinheiro. Na versão que ele apresentou à CPI, Claudio lhe repassou os três cheques para pagar o governador. Ele disse que não sabia quem eram os emitentes dos cheques. Garcez contou que repassou os cheques a um assessor de Perillo, de nome Lúcio.
O ex-vereador falou ainda que tentou, sem sucesso, vender a casa por um valor maior. Foi aí que Abreu passou a pressioná-lo para pagar a dívida. Ele então vendeu o imóvel pelo mesmo valor que comprou a Santiago.
Após essas duas citações em depoimentos distintos na CPI, Fiúza foi exonerado da administração de Goiás. Segundo a assessoria do governo, a exoneração foi pedida pelo assessor, que teria alegado "razões particulares" para deixar o governo.
A Polícia Federal também acusa Perillo de nomear pessoas indicadas por Cachoeira para órgãos do governo.
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