quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Energia mais barata é um sonho.

Pacote de energia é choque de expectativas



A condução da economia de um país depende muito de uma variável que não tem números: a expectativa dos chamados “agentes econômicos” funciona como um combustível – ou falta dele – fundamental para que as políticas escolhidas tenham o efeito esperado.
O anúncio do corte do custo da energia feito pela presidente Dilma Rousseff, neste momento particular do país, chega dando um choque nas expectativas. Estamos crescendo pouco, com confiança afetada, inflação mais pressionada e investimento tímido. Saber que teremos energia mais barata, para consumidores e empresas, além de corrigir uma distorção enorme do custo de energia que temos aqui, dá um ânimo danado para fazer planos.
“O governo adotou uma agenda que é boa. Eles estão com diagnóstico correto,  sobre o custo de produção do país. É uma agenda de médio e longo prazo, não mais de curto prazo como vimos até pouco tempo. Isso vai trazer impacto favorável para as expectativas. Tende a reverter também a percepção do investidor estrangeiro que estava tratando Brasil como patinho feio”, diz Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora.
O pacote de energia se junta às outras medidas já adotadas pelo governo, como o PAC das Concessões, a desoneração da folha de pagamento, por exemplo. Ao atacar a competitividade e o altíssimo custo de produção, finalmente poderemos ver o país trabalhar pelo que é mais consistente nas políticas econômicas: o investimento, de preferência de longo prazo.
Efeito prático do corte na conta de luz vai para a inflação. Economistas fazem cálculos para medir quanto dessa redução vai chegar nos índices de preços. O número aproximado é de 0,5 ponto percentual, levando em conta apenas o corte na conta dos consumidores. Se a indústria, que terá uma redução maior, de até 28%, repassar a queda dos custos para os preços do produtos, o efeito pode ser mais positivo na inflação.
A outra variável pronta para reagir ao pacote é o PIB, que anda fraquinho. “O conjunto de incentivos adotados até agora vai trazer a retomada da atividade, elevando o PIB. O efeito nas expectativas pode empurrar a indústria e afetar positivamente a confiança dos empresários”, avalia Padovani.
Para o governo também há benefício, além do político. Se a conta de luz ajudar a diminuir a inflação, abre-se espaço para um reajuste na gasolina, necessário para ajustar as contas da Petrobras.  A presidente Dilma Rousseff parece convicta de que está preparando o Brasil para uma nova fase, mais madura e eficiente economicamente.
O clima de festa já começou, mas o banquete mesmo ainda demora um pouco a ser servido, já que o refresco nas contas de luz só chega no ano que vem.


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