terça-feira, 19 de junho de 2012

Nem tudo é flores dentro do PT, a discordância começa a falar mais alto.

Vice, Erundina ameaça boicote à campanha de Haddad

Vice na chapa de Fernando Haddad, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) afirmou ontem que ficou "muito constrangida" com a aliança entre o PT e Paulo Maluf e avisou que não fará propaganda caso o ex-prefeito apareça com o petista na TV.
Ela também disse que o acordo vai tirar votos da chapa e que teria pedido ao seu partido que indicasse outro vice se soubesse da presença de Maluf na campanha.
"Não me vejo aparecendo na mesma mídia que o Maluf. Como é que os meus eleitores vão me ver ao lado do Maluf na TV? Eu não vou mesmo", disse ela, pouco depois do anúncio da aliança.
"Lamento não ter sabido disso antes. Se soubesse, ia ponderar com meu partido que talvez fosse melhor escolher outro nome", afirmou.
Fernando Haddad e Luiza Erundina em evento em que PSB anunciou apoio ao petista
Fernando Haddad e Luiza Erundina em evento em que PSB anunciou apoio ao petista

Adversária histórica do ex-prefeito, Erundina disse que a aliança com ele vai tirar votos de eleitores que estariam decididos a apoiar Haddad.
"Foi um balde de água fria. Essa presença do Maluf vai afastar muita gente. Tem militantes e intelectuais que estão decididos a não votar mais no Haddad", afirmou.
"Isso será um complicador para a campanha. Vai tirar o entusiasmo e o engajamento da militância. Não se ganha eleição só com tempo de TV. O que leva à vitória é o povo acreditar no projeto e se envolver na campanha", disse.
A deputada relatou não ter sido convidada para o encontro que selou o pacto na casa do ex-prefeito, com a presença do ex-presidente Lula. "Não me convidaram porque sabiam que eu não iria. Se fosse chamada, não iria."
Ela criticou a declaração de Maluf de que não existem mais esquerda e direita e afirmou que o ex-prefeito tem passado "abominável".
"Eleitoralmente, Maluf não representa mais nada. Só um passado abominável, uma força que sustentou a ditadura militar", disse. "Existem dois lados. Eu tenho o meu, e não é o mesmo do Maluf."
Ela também se defendeu de possíveis críticas por se rebelar contra a aliança. "É uma questão de coerência com o que fiz a vida toda. Podem achar que é antigo, ultrapassado, que não é pragmático", disse.
"Vejo as eleições como instrumento de educação política. É por essas coisas que não se acredita mais na política."
Mais cedo, em entrevista ao lado de Maluf, Haddad disse "compreender" as críticas de sua vice, mas relacionou suas restrições a Maluf a outro contexto histórico.
"Compreendo as declarações, porque se você retornar a um período de 20, 24 anos atrás, era um contexto em que as coisas se comportavam de maneira diferente", afirmou o pré-candidato.
"Hoje, temos um projeto político no país que está dando certo num terceiro mandato [dois de Lula e um de Dilma] e que, inclusive, conta com o apoio do PP."
Maluf elogiou a gestão de Erundina, a quem sucedeu a partir de 1993. "Tenho muito respeito pela ex-prefeita Erundina", disse. "Ela foi uma boa prefeita. Uma prefeita correta, decente."




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